De todos os erros que vejo líderes cometendo, um me chama muito a atenção. Mais que isso, me incomoda demais: o fato de não saberem (ou não quererem) delegar, de quererem concentrar tudo em si próprios, de não darem autonomia aos seus liderados.
Para mim, sem dúvida, trata-se de uma falta de inteligência estratégica imensa. Ora, por melhor que você seja, sua capacidade é limitada. Certamente, seu time, se bem desenvolvido, terá, em conjunto, muito mais potencial que você sozinho. Isso quer dizer, de forma bem simples, que, por melhor que você seja, se cair na tentação de querer concentrar tudo em você, seus resultados serão bem menores do que seriam caso seu time pudesse mostrar todo o potencial que tem. Sendo mais direto, trata-se de uma receita infalível… para o fracasso.
Acredito que algo extremamente eficaz para o sucesso de um líder é cultivar uma relação de confiança e desenvolver responsabilidades nos liderados, aumentando cada vez mais a quantidade de ações delegadas, levando-os a desenvolverem a tal da autonomia, algo que considero fundamental não só para eles, mas também para qualquer líder, e para a própria empresa.
Esta é uma qualidade cujo principal pressuposto é justamente o ato de delegar — aqui entendido como atribuir funções a alguém capaz de realizar o que se pede, dando-lhe condições para fazer e liberdade para inovar. O líder, nesse caso, deve acompanhar o colaborador, sempre pronto a corrigir ou ajustar o que for necessário, para se obter os resultados desejados.
No entanto, autonomia requer algo muito importante ao seu lado: responsabilidade, que vem a ser exatamente a capacidade de ponderar os riscos e oportunidades, de forma equilibrada — e não paralisante.
Atenção! Mais grave do que não dar autonomia é dá-la a quem não tem condições de recebe-la. Isso pode trazer sérios danos à empresa e a todos os envolvidos.
Cabe ao líder conhecer muito bem a sua equipe, o potencial e a situação atual de cada um e a condução de medidas apropriadas de desenvolvimento da equipe, fazendo os ajustes e as trocas que forem necessárias.
Quando o líder consegue um alto nível de autonomia da sua equipe, ele pode agir de forma bem mais estratégica, olhando para o “macro”, para as tendências do mercado, para o crescimento e o futuro da empresa. O ideal é que o líder forme uma equipe e ela atue tão bem que não precise da presença dele. O que ficará presente serão os seus ensinamentos, seus valores e conhecimentos.
Tem uma frase que gosto muito e que se refere à necessidade de se conseguir a autonomia da equipe para se pensar e agir de forma mais estratégica:
“Quem está servindo o cafezinho não pilota o avião”.
Pensa nisso. Qual das duas funções você, líder, quer para o seu dia a dia?